A importância de Sicupira para a história do Athletico não pode ser descrita com palavras. É no sentimento de cada torcedor rubro-negro que a sua grandeza se revela. Mais do que um ídolo, ele foi um símbolo. Foram oito temporadas com a camisa rubro-negra. E quando ela cobria seu peito, Sicupira era a encarnação do nosso hino. Entregava ao clube e à torcida seu espírito de craque. Raça, amor e gols. O coração athleticano estava mal-tratado quando ele chegou, em 1968, em um momento de renascimento. Não veio como grande estrela. Em sua estreia, começou no banco de reservas. E quando entrou em campo, nos deu nada menos que um golaço de bicicleta.Ele tinha começado a carreira em um rival, o Ferroviário. Já havia jogado ao lado de craques como Garrincha, Nilton Santos, Gérson e Jairzinho, no Botafogo. E vestido a camisa de um grande clube como o Corinthians.
Mas foi aqui, no Athletico, que Sicupira se tornou completo.
Eram tempos sofridos. Os títulos eram raridade. Em toda a sua trajetória no Furacão, apenas uma vez ele pôde erguer um troféu: na emblemática conquista do Campeonato Paranaense de 1970.Mas quando Sicupira estava em campo, a torcida podia acreditar no gol da vitória até o último instante. Essa foi uma de suas marcas registradas. Os gols decisivos nos minutos finais. Quando o adversário já sorria para a vitória ou se conformava com o empate, ele surgia para pintar de vermelho e preto uma tarde sem cor. Foram 158 gols. Ninguém fez o povo athleticano comemorar tantas vezes. Para toda uma geração que o viu jogar, Sicupira foi o ícone máximo. E para quem veio depois, uma lenda que podia ser escutada pelo rádio ou vista na televisão. De uma forma ou de outra, foi uma bandeira tremulando na alma rubro-negra.Hoje, fazemos mais uma homenagem a Sicupira. Jamais uma despedida. Ele estará vivo sempre que alguém vestir a camisa do Athletico.